terça-feira, 16 de agosto de 2011

Isso eu aprendi com uma grande mulher

Estive no pronto socorro do hospital na minha cidade com meu filho de 13 anos que teve uma alergia e fomos às pressas. Já em observação, tranquilizei-me e fiquei ali com ele aguardando a melhora total.
Uma senhora que estava do lado de um leito no canto do quarto onde haviam 4 pessoas internadas, vendo-me conversar com meu filho virou-se e olhou-me com um sorriso tímido e um tanto quanto triste. Levantei-me e fui até os pés da cama onde estava o filho dela. Ficamos olhando pra ele enquanto eu reflexionava na minha própria vida.
Meu filho de 8 anos Otávio, é daqueles meninos que colocam fogo na casa. Muito arteiro, às vezes teimoso e bastante inquieto. Não se cala nunca e faz perguntas o tempo todo. Consegue com seu jeito travesso às vezes nos desequilibrar. Confesso que pensei em entregá-lo ao pai, mas estava relutante.
Eu a e mulher começamos a conversar. O filho deficiente, requeria a todo instante que ela levantasse a cabeça e enxugasse sua boca com uma fralda pra não engasgar, e percebi que ela fazia isso a cada 5 minutos, além também de olhar as fraldas.
Perguntei-lhe: Quantos anos ele tem?
- 26 anos . Ela respondeu.
Fiquei envergonhada.
Eu disse-lhe puxa há vinte e seis anos então que você está nessa luta?
E ela disse já em lágrimas, sim já fazem 26 anos...e eu o amo tanto!
Falei nossa, eu quero dizer que te admiro muito, você é uma mulher muito forte, pois vi que precisa estar o tempo todo ao lado dele, então são tantos anos de renúncia.
Ela então contou-me que o mais difícil é o preconceito que começa na própria família, que às vezes chegam na porta olham de longe e se vão. Contou que nunca teve o gosto de levá-lo à escola, ir numa reunião de pais, ir ao parque e vê-lo brincar nos brinquedos. E em lágrimas disse-me que fez uma vez uma festinha de aniversário, pois sentia tanto seu filho nunca ter tido uma, mas que nunca faria ...pois todas as crianças riam e zombavam dele, porque não parava sentado, tinha o corpo todo mole...e essas coisas mais que as crianças reparam.
Perguntei como ela sabia quando ele adoecia...ela respondeu: Ele fica gemendo.
O menino, nunca falou. Então ela nunca pode ouvir "mãe"! Minhas bochechas ficaram vermelhas e meu rosto queimou, pois uma semana antes eu estava zangada porque meu filho chama "mãe, mãe, mãe a cada sei lá meia hora...depois disso virou música nos meus ouvidos.
Falei pra ela que naquele dia ela tinha me ensinado uma grande lição, porque às vezes a gente não tem problema e procura pra dizer que tem, reclama em demasia por coisas que são tão simples .
Choramos eu e ela olhando uma nos olhos da outra. O meu olhar era de agradecimento por ela e o filho serem um instrumento da providência divina me mandando o recado: Silencia. Agradece à Deus. Silencia tuas  queixas que são tão pequenas diante das dessa grande mulher.

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