terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ouvir Estrelas!



..Ora direis, ouvir estrelas!
Certo perdeste o senso,
 E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas   (Olavo Bilac)

Somente um homem que tem uma visão holística e uma inspiração espiritual para propor algo assim...um homem que conversa com as estrelas!
Ele já sabe que tudo no universo se encadeia e se entrelaça.
A exemplo do índio norte americano Seatle que disse certa vez: "Tudo que acontece com a terra, acontece com os filhos da terra. O homem pensa ser a teia, mas é apenas um dos fios da grande teia", ele já sabe que existe em tudo uma solidariedade, que precisamos uns dos outros para viver. Para vestirmos uma camiseta, alguém plantou o algodão, outro colheu, outro transportou, industrializou, vendeu...a fim que que ela estivesse cobrindo o corpo. Não existe vida sem solidariedade. Há entre os mundos isso, entre as pessoas, os animais.
Enfim, nós precisamos uns dos outros para viver... e o que é mais importante que tenhamos essa percepção, pois assim procuraremos não viver que é fácil, mas conviver que é o mais difícil e nos faz crescer e buscar a plenitude.
 Quando um homem cai, o universo inteiro sente, e cai junto com esse homem.
Pensemos nisso, do que adianta tanta correria por tão pouco, se de uma hora pra outra aparece uma célula cancerígena e tudo se vai em um instante...
Quando Jesus ensinou-nos a orar ele disse: "O pão nosso de cada dia nos dai hoje"...ele disse o pão nosso de cada dia, não disse o de sexta feira que vem, de sábado...
A cada dia basta o seu trabalho...viver o hoje...o dia conforme Deus nos apresenta.
Que hora que é agora???
AGORA
Em que estamos colocando nossas energias? O que estamos doando de nós mesmos? De que forma estamos utilizando os talentos? Com qual finalidade?
Qual é o nosso sentido existencial??? O que é que estou fazendo aqui? Qual o meu papel?
Respondendo esses questionamentos, poderemos encontrar nossa direção, o nosso foco e o farol norteador dos nossos passos.
"Onde está o vosso tesouro, aí também estará o vosso coração"
E onde está o vosso coração????

"Não há como tocar numa flor sem mexer com as estrelas"

Isso eu aprendi com uma grande mulher

Estive no pronto socorro do hospital na minha cidade com meu filho de 13 anos que teve uma alergia e fomos às pressas. Já em observação, tranquilizei-me e fiquei ali com ele aguardando a melhora total.
Uma senhora que estava do lado de um leito no canto do quarto onde haviam 4 pessoas internadas, vendo-me conversar com meu filho virou-se e olhou-me com um sorriso tímido e um tanto quanto triste. Levantei-me e fui até os pés da cama onde estava o filho dela. Ficamos olhando pra ele enquanto eu reflexionava na minha própria vida.
Meu filho de 8 anos Otávio, é daqueles meninos que colocam fogo na casa. Muito arteiro, às vezes teimoso e bastante inquieto. Não se cala nunca e faz perguntas o tempo todo. Consegue com seu jeito travesso às vezes nos desequilibrar. Confesso que pensei em entregá-lo ao pai, mas estava relutante.
Eu a e mulher começamos a conversar. O filho deficiente, requeria a todo instante que ela levantasse a cabeça e enxugasse sua boca com uma fralda pra não engasgar, e percebi que ela fazia isso a cada 5 minutos, além também de olhar as fraldas.
Perguntei-lhe: Quantos anos ele tem?
- 26 anos . Ela respondeu.
Fiquei envergonhada.
Eu disse-lhe puxa há vinte e seis anos então que você está nessa luta?
E ela disse já em lágrimas, sim já fazem 26 anos...e eu o amo tanto!
Falei nossa, eu quero dizer que te admiro muito, você é uma mulher muito forte, pois vi que precisa estar o tempo todo ao lado dele, então são tantos anos de renúncia.
Ela então contou-me que o mais difícil é o preconceito que começa na própria família, que às vezes chegam na porta olham de longe e se vão. Contou que nunca teve o gosto de levá-lo à escola, ir numa reunião de pais, ir ao parque e vê-lo brincar nos brinquedos. E em lágrimas disse-me que fez uma vez uma festinha de aniversário, pois sentia tanto seu filho nunca ter tido uma, mas que nunca faria ...pois todas as crianças riam e zombavam dele, porque não parava sentado, tinha o corpo todo mole...e essas coisas mais que as crianças reparam.
Perguntei como ela sabia quando ele adoecia...ela respondeu: Ele fica gemendo.
O menino, nunca falou. Então ela nunca pode ouvir "mãe"! Minhas bochechas ficaram vermelhas e meu rosto queimou, pois uma semana antes eu estava zangada porque meu filho chama "mãe, mãe, mãe a cada sei lá meia hora...depois disso virou música nos meus ouvidos.
Falei pra ela que naquele dia ela tinha me ensinado uma grande lição, porque às vezes a gente não tem problema e procura pra dizer que tem, reclama em demasia por coisas que são tão simples .
Choramos eu e ela olhando uma nos olhos da outra. O meu olhar era de agradecimento por ela e o filho serem um instrumento da providência divina me mandando o recado: Silencia. Agradece à Deus. Silencia tuas  queixas que são tão pequenas diante das dessa grande mulher.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Família, aperte este laço!

Convido-te à ler esta postagem até o final, pois tenho a certeza de que quando terminares de ler estarás tomado(a) de emoção e se não disse aos membros da sua família ainda hoje o quanto os ama e és agradecido por tudo que passaram juntos, irás fazer isso ao final...porque a felicidade não está no destino...está no trajeto.

Houve um tempo em que acreditava-se que as colocações de natureza ética não tinham nenhum valor e que a verdadeira moral não se encontrava na intimidade dos lares, foi então que surgiu aquele movimento revolucionário, Woodstock celebrado faz 40 anos e comemorado agora recentemente, quando os seres viveram três dias de drogas, sexo e rock in roll, cujas conseqüências lamentáveis vão aparecer por volta dos primeiros anos da década de 80 através da AIDS, que se transformou numa das mais terríveis pandemias da história.
    Então a família desagregou-se, o jovem saíram para casa. como agora a guerra do Vietnã terminava e também todo sudeste asiático mantinha uma aparente situação de paz os veteranos que volviam à pátria estavam condicionados a matar.
 Eram jovens universitários, pessoas pertencentes aos vários bolsões da sociedade americana, que se considerava a detentora da mais perfeita democracia da terra, que agora depois do Camboja e do Vietnã se haviam adestrado para matar, e porque não tinham motivos reais para poder cometer a violência do homicídio coletivo, eram estimulados a usança de drogas. Uma película cinematográfica irá apresentar o retrato triste desta época intitulada apocalipse now, onde os combatentes eram estimulados pelos seus superiores a usar cocaína e então alucinados partiam para as matanças injustificáveis.
 Nesse período triste, as bombas de nakao e nikareja atiradas sobre as aldeias do Vietnã e do Camboja, não apenas desfolhavam as árvores para que se pudessem ver os vietcongs, mas também destruíam as plantações de arroz das comunidades trabalhadoras e proletárias do campo, como levavam também a miséria, a fome e o horror.
Ficou célebre uma fotografia de crianças vietnamitas correndo por uma estrada vitimas de uma bomba de efeito laranja que as queimou praticamente todo o corpo e uma delas despida, com os braços erguidos aberta em chaga viva, gritava por socorro e misericórdia.

Essa fotografia comoveu o mundo e contribuiu para que o exército americano abandonasse a tentativa de lutar contra os comunistas naqueles países.
Essa jovem viria a residir posteriormente nos estados Unidos.
Essa revolução fez então que a drogadição constituísse para os jovens portadores de conflitos, porque órfãos de famílias organizadas diferentes, como sendo uma forma de auto-realização, de afirmação da personalidade, e logo surgiu-se a idéia de abandonar-se a sociedade tecnológica portadora de valores inquestionáveis, também portadora do vazio existencial.

A ausência de objetivos que haviam sido detectados pelos notáveis filósofos e existencialistas franceses que haviam perguntado depois da segunda guerra mundial:
Para que religião?
para que o culto ao belo?
Para que o dever de sociedade se de repente cai a bomba e tudo vai destruído?
A palavra notável desse filósofo existencialista, irá repercutir no mundo criando uma mentalidade descomprometida com dever. Jean bossartre e madeli de bovoah  irão convidar a juventude do seu tempo a viver intensamente cada momento porque a vida está sintetizada no momento que passa   e logo depois desaparece.
Então os jovens da década de 60 e posteriormente as que sucedem, abandonam a família e vão na busca do prazer principalmente onde as drogas eram liberadas, partem para o Nepal, para usar a cocaína, o ópio para entregar-se ao ócio e depois que esfacelam a alma na exorbitância do sexo desorganizado sem amor,  e da ausência de drogas na década de 80 começam o retorno amargurado. E tantos já haviam vivido os momentos de exaltação, quando o grupo de 4 jovens da cidade de Liverpool na Inglaterra, tomando das suas guitarras resolveram mudar o panorama musical vigente, então surgiram os Beatles, a música de John Lennon cheia de melancolia e de beleza arrebatou a terra e quando os Beatles atingiram o clímax, apareceu também um jovem caminhoneiro que parecia ter molas nos quadris tomando do seu violão comoveu o mundo, Elvis Presley.
As canções de rock in roll estavam agora firmadas em base de renovação,  quando então um grupo de crianças negras, sensibiliza o mundo e destaca-se dentre aqueles o que deveria ser o mais notável representante da música pop de todos os tempos Michael Jackson.
A habilidade desse jovem cantor, a sua ingenuidade, a harmonia dos passos, a maneira como ele interpretava a vida pop a sua existência na Califórnia, na busca da cidade do nunca das velhas fantasias infantis o fez uma figura controvertida durante quase 50 anos, vítima de um lado da imprensa marrom e de outro lado da sua própria ingenuidade.
                                                                                     
A juventude estava desnorteada quando então uma película cinematográfica, procurou retratar o drama da juventude. Aparece um jovem que sai de los Angelis, pela grande roda que atravessa o deserto, vestido de couro negro e óculos rai ban e uma boina montado numa motocicleta, sem rumo e sem destino, era o que acontecia com o jovens.

A sociedade que sempre tem as suas bases futuras na criança de hoje que jornadeia na direção da juventude parecia ameaçada e a família totalmente desestruturada.
Foi então que o retorno para casa, fez-se inevitável, aqueles jovens que foram na busca das suas origens, que procuravam viver a natureza, de repente descobrem que não podem viver nenhum deles fora da estrutura social da atualidade, foi então que o próprio John Lennon contemplando as multidões que acompanhava os Beatles proclamou com certa melancolia " o sonho acabou"... o sonho rippie, a new age, as roupas coloridas, a busca da meditação transcendental, a necessidade do auto encontro agora não tinha qualquer sentido e a drogadição havia tomado conta das suas existências e o sexo já por demais desalinhado já não atendia as necessidades emocionais daqueles que o exerciam, logo depois John Lennon e sua mulher Yoko Ono, pedem paz ao mundo e do seu apartamento de luxo de fronte do Central Park em Nova York protestam sobre o leito... em um período de turbulências cujos efeitos danosos ainda experimentamos em nossa sociedade, nas manifestações de violência que ganham as ruas, dessa violência que retrata uma guerra não declarada, ceifando milhares de vidas a cada ano em todo o mundo, chegando mesmo a centenas de  milhares de vidas juvenis malbaratadas pela ilusão, pelo desespero...

Mas também é nesse momento, que surgem os depoimentos grandiosos...que levantam a família...

Tornou-se célebre ...no passado... nos Estados Unidos, um dos homens mais perversos das máfias de todos os tempos...esse home    All Scarface havia se tornado célebre, pela perversidade com que ele tratava todos aqueles que caiam na desgraça sua organização. All Scarface Capone, conseguia  no entanto manter a sua vida fora do presídio pelos crimes hediondos que dedicava, homicídios, as manifestações trágicas da prostituição durante a lei seca, apresentação de bebidas alcoólicas através das manifestações negras e do suborno... este homem conseguia manter-se fora do cárcere..graças ao seu advogado que era um homem notável, profundo conhecedor das leis chamado... Easy Eddie. Ise Ediie era a alma de All Scarface Cappone...toda vez que havia a repercussão de uma daquelas tragédias como a noite do San Valentin, a noite dos namorados, da matança em massa e de Chicago, All Capone permanecia inocente...pela habilidade do seu advogado...Ele residia numa mansão que ocupava todo o quarteirão na cidade de Chicago, e era pai, era viúvo a sua família estava reduzida aquele filho que aos quinze anos gozava de todos os favores da fortuna...dos privilégios, da posição social de destaque...do poder...quando repentinamente ... Easy Eddie, contemplando seu filho e sabendo que ele seria herdeiro de uma grande herança, porque Isie Eddie sabia que bandido não tem vida longa...e ele como advogado de bandido, defendendo a máfia de All Capone seria naturalmente vítima das máfias adversárias... quando ele começou a pensar...que legado farei a meu filho? eu lhe deixarei uma fortuna incalculável...mas ele será sempre o filho de um bandido...de um advogado que defendeu o bandido mais perverso da costa Leste do Estados Unidos...essa reflexão começou a atormentar o advogado de All Capone...e ele chegou a conclusão que deveria denunciar o seu cliente, a melhor maneira de fazer um legado a seu filho era denunciar o cliente que deveria terminar os seus dias em uma cela conforme merecia...quantas vidas ele havia ceifado? através da prostituição, por do crime organizado, das bebidas alcoólicas e das drogas...quantas vidas ele eifara?
Então Easy Eddie procurou o FBI, a polícia federal dos Estados Unidos e propôs um acordo, denunciaria All Capone, desde que ficasse no anonimato. ofereceria todos os documentos que ele guardava provando a sua denúncia e abrindo as portas a punição severa que merecia o mafioso, mas a organização não aceitou seu trato, já que ele ia denunciar o seu cliente, deveria fazê-lo publicamente, fazê-lo diante do tribunal. É certo que ele poderia receber a proteção que eles oferecem a todas as testemunhas, mas ele teria de apontar aquele homem cruel de face vulgar. Isie Eddie meditou profundamente nas conseqüências do seu gesto, mas lembrando que deveria honrar o seu filho...com o testemunho de tal porte, aceitou o desafio...e All Capone foi denunciado, no julgamento que abalou a América e de certo modo o mundo o seu advogado aponta-o e apresenta as provas documentais dos inumeráveis crimes praticados pelo bandido italiano.

All Capone que também fraudara o imposto de renda...foi enviado para um dos presídios mais seguros dos Estados Unidos. E Easy Eddie compreendeu que a sua vida estava em perigo, e apesar de assessorado pela proteção policial, mês mais ou menos depois, quando saía de um restaurante italiano, ele foi metralhado pelos assassinos de All Capone a mandado do seu chefe.
Quando a polícia revistou os seus bolsos, encontrou um rosário, porque era católico e uma medalha, e um relicário que dizia alguma coisa da verdade e da honra. Esta é a primeira de duas histórias,..

A segunda história que vai fazer a abrangência da família se reedificando tem lugar na segunda guerra mundial,
Estamos no ano de 1942, os Estados Unidos entraram na guerra...depois do ataque covarde dos japoneses, à base de Fielpont nas filipinas, e aquele momento o que havia de melhor na sociedade americana estava no oceano pacífico, ali se encontrava o extraordinário porta aviões lexinton, e em determinado momento, aqueles que se encontravam o lexinton receberam ordens para que as esquadrilhas viajassem na direção de uma das ilhas do pacífico para bombardear uma base militar adversária que pertencia ao Japão. Os aviões caça levantam-se e partem e em determinado momento o jovem que se encontra comandando a aeronave Butch O'Hare percebe que por um descuido qualquer o tanque de gasolina não foi completado ele então tem um choque e entra em contato com o chefe da esquadrilha, não disponho de gasolina para chegar até  o alvo da nossa missão e é melhor retornar, então o chefe ordena que volte, que retorne, mas ele deseja servir a sua pátria, mas não tem como prosseguir então ele faz a viagem de volta, é providencial, porque naquele momento quando ele está perto do lexinton...ele percebe que uma esquadrilha dos aviões zero dos japoneses avança na direção do porta aviões, que agora praticamente sem defesas, todas as aeronaves estavam no ar, os canhões antiaéreos e de bordo possivelmente não poderiam defender a extraordinária aeronave...então o capitão Butch O'Hare...enfrenta aqueles cinco caças japoneses, não tinha a menor possibilidade de vitória, liga a câmera cinematográfica que estava acoplada em uma das asas do seu avião e com uma felicidade incomum derruba o primeiro caça de número zero, depois com acrobacias inesperadas, ele derruba o segundo caça, e o terceiro e os outros dois fogem de retorno à base. Ele se dirige ao lexinton e quando desce a gasolina estava terminada, ele apresentou a película aos seus superiores, e foi considerado herói...recebeu por isso, na condição do primeiro aviador naval as homenagens mais extraordinárias inclusive a medalha congregacional de honra concedida pelo senado Norte Americano. o Capitão O'Hare vai agora em outra missão e morrerá no campo de batalha nos ares do Oceano Pacífico com a idade de 29 anos, Bant Orrear irá dar o seu nome ao aeroporto de Chicago, que tem em um de seus terminais a estátua desse jovem herói e a história da sua vida fascinante...mas o que é ainda mais fascinante é que Butch O'Hare era filho de Easy Eddie...daquele homem que morreu para dar dignidade ao seu filho...por amor à família, como sendo um gesto de devotamento através do qual a família é o exemplo dos pais. É no exemplo dos pais que se forja o caráter do clã e especialmente se fixam os caracteres da personalidade dos que constituem o núcleo familiar.
Allan Kardec com muita propriedade em o Evangelho segundo o Espiritismo estabelece que existem as família pelos vínculos espirituais e pelos vínculos consangüíneos...por esta razão não possuímos a família que gostaríamos de ter, mas é a família de que temos necessidade para evoluir. Aquela em cujo bojo  aventamos nossas dificuldades, trabalhando pela harmonia do conjunto...a família portanto, como escreveu Allan Kardec com propriedade na questão 775 de O livro dos Espíritos, qual seria para a sociedade o resultado do relaxamento dos vínculos da família e os espíritos responderam, recrudescência do egoísmo.
Se o relaxamento levaria à recrudescência do egoísmo, unindo esse laço, atando esse laço nos deveres, teríamos a libertação total do egoísmo  e a entrada nos arraiais sublimes do altruísmo.
Para que nós possamos perceber a grandiosidade desses vínculos da família, recordemo-nos que fazemos parte de uma família muito maior, é a sociedade, aquela à qual nos vinculamos, através dos laços de natureza espiritual... nascemos neste clã, renascemos naquele, e as nossas experiências irão metamorfoseando-se, adquirindo qualidades e valores, até que uma ética de fraternidade qual aquela ética que foi prescrita por Aristóteles, ao seu filho Dicómano em um dos mais belos tratados de ética da sociedade, para que a nossa vida seja realmente feliz estabelecida na plenitude. A família portanto é nesse momento o grande santuário.
Eu recordo-me de uma das páginas líricas e dolorosas da segunda guerra mundial,
era o ano de 1942, narra a autora...repetindo as sua história

Era o mês de dezembro, eu havia nascido numa aldeia da Áustria, onde as flores são abundantes na primavera, perto dos autres onde nebra o Edelwais

Naquela época eu tinha 10 anos e então era comum todo dia ao entardecer papai chegar em casa, ele era cirurgião e contar as suas experiências no hospital, ele se dedicava à comunidade gratuitamente, porque nós tínhamos independência econômica, e então depois do jantar na varanda de nossa casa, mamãe que era professora,  e que colaborava na educação dos aldeães , também sentava-se conosco e falava das suas experiências com as crianças daquele lugarejo.
As flores rescendiam o perfume e nós vivíamos um momento de intimidade familiar, exaltando Deus num culto de reverência à verdade ouvindo mamãe falar e papai contar as suas experiências .
Quando então terminávamos o colóquio, antes de nos deitarmos meu irmão que tinha 15 anos pegava o seu violão e cantava Edelwais...
Diariamente reuníamo-nos na varanda, depois do nosso lanche no entardecer-noite e quando por exemplo chegava o inverno, e nos aquecíamos diante da lareira, na sala de refeição em um verdadeiro ágape de amor, mamãe falava dos seus alunos, papai contava das suas experiências e meu irmão cantava Edelwais...
Papai e mamãe levava nos à cama, oravam conosco e beijavam-nos.
Era assim a nossa vida naquela aldeia formosa...rica de flores da Áustria...mas...naquele mês de dezembro de 1942, quando as temperaturas eram negativas, em certa noite de terror, as portas foram arrebentadas, e um tropéu de passos subiu a escadaria até o quarto de mamãe, até o meu e o quarto de meu irmão, nós fomos arrastados como animais pelos cabelos e atirados escada abaixo, sendo levados para um camburão negro, naquela noite trágica e eu não sabia do que se tratava, mas havíamos ouvido falar da guerra...
A Áustria estava em guerra faziam já três anos, eu já havia ouvido falar em campo de concentração mas eu não sabia o que era...da perseguição aos sulistas, mas não sabia o que era.
Agora no camburão, com frio em trajes de dormir eu e meu irmão gritando desesperados, papai e mamãe numa resignação incomparável, abraçou-nos e disse uma frase inesquecível: É por pouco tempo! Não temam, é por pouco tempo!
Depois de toda noite e de várias horas do dia, chegamos à Viena, fomos atirados num trem de gado, aonde estavam centenas, senão milhares de outras pessoas, e esse trem partiu em desabalada correria pelos trilhos, varando o fim da tarde, a noite e a madrugada,o outro dia, mais outro dia, e mais outro dia, e mais outro dia...parando aqui e acolá...até que chegamos aquilo que era o campo de concentração de trabalhos forçados e de extermínio...
Na porta de entrada, na grade de ferro estava escrito: O Trabalho dignifica a criatura humana, os trabalhos forçados eram terríveis...nós estávamos em Alchuitz...


Quando fomos ser depilados, colocaram substâncias nas nossas cabeças, nos despiram e começaram a gravar em nossos braços uma tatuagem que era o nosso número a partir daquele momento. Perdíamos a nossa identidade, porque quando tiram o nome do indivíduo também  tiram a identidade da pessoa.
Ainda pudemos ver papai e mamãe que com o olhar muito triste acenaram-nos adeus e papai nos disse : coragem! Será por pouco tempo.
Mas não foi por pouco tempo. porque logo nos separaram.
Papai foi diretamente para uma construção quadrangular, hermeticamente fechada somente com uma porta, que mais tarde eu vim saber que se tratava da câmara de gás...e daí ele não saiu nunca mais...porque a câmara comunicava-se com os fornos, crematórios para onde ele foi levado. Mas logo depois...eu soube que mamãe também fora levada para a câmara de gás.
Mas... eu podia ver vez que outra o meu irmão, e toda vez que entardecia naquele campo de horror, então eu me debruçava na janela quando era possível, fechava os meus olhos, e voltava à minha aldeia na Áustria, a minha família...parecia ouvir mamãe falando dos seus deveres e papai narrando suas experiências com os doentes, logo depois a voz do meu irmão cantando Edelwais...
Um dia quando eu estava trabalhando no gelo, nos trabalhos forçados... eu vi meu irmão sendo colocado num trem, partindo para um outro campo de extermínio...mas ele me pode ver e acenou-me e repetindo a frase de papai ele disse: "Bom Animo, será por pouco tempo" ...e meu irmão foi assassinado na câmara de gás em outro campo de extermínio...Fiquei a sós...

consegui sobreviver...
quando os russos, no mês de abril de 1945, entraram no campo e nos libertaram, um alto falante anunciava em cinco idiomas: estão livres, estão livres ...das latrinas, dos buracos cavados no chão, dos pavilhões superlotados saiam fantasmas...cadáveres que respiravam...esquálidos, e eu também...

Era a liberdade... mas o que era a liberdade? era o entardecer ...então eu só pude fechar os olhos...e lembrar-me da nossa casa, da nossa família na Áustria...mamãe narrando as suas histórias num ágape noturno, meu pai também  e meu irmão cantando Edelways .
Eu desmaiei, acordei num campo de refugiados, fui mandada depois para a Inglaterra, e depois para os Estados Unidos. Passaram-se já tantos anos...60 anos para ser exata, após aquela noite terrível do ano de 1942, eu estou uma anciã...encontro-me com 75 anos...voltei à nossa aldeia...estou na varanda...é primavera na Europa...as flores rescendem aromas variados...e os altos picos dos Alpes  com seus dedos de neves eternas, com uma visão de azul turquesa...aqueles céus serenos que nos contemplam ...estou debruçada na varanda...a sós...readquiri a casa que pertenceu aos meus pais...mas a minha família...agora a minha família é a humanidade...já não tenho família, todos os membros da minha família, meus antepassados,meus parentes próximos,  os meus pais e o meu irmão foram assassinados pelos nazistas...mas na tela da memória ainda ouço o meu irmão tocando o violão e cantando Edelwais ...
Então eu gostaria... eu gostaria de sonhar...sonhar com o dia em que a humanidade amadurecida...já não tenha qualquer preconceito de raça, já não haja discriminação por questões étnicas...nem políticas..nem religiosas...e que as famílias possam unir-se pelos laços da vera fraternidade...Eu tenho um sonho...e nesse sonho eu anelo que um dia...todos os lares poderão ter os seus filhos reunidos depois do jantar...à volta da mesa, ou diante da lareira...e seu pai e sua mãe, acariciando as suas cabeças, falhem-lhes das atividades de cada dia.

Eu tenho o sonho que a humanidade da tecnologia...seja também a humanidade do sentimento e do amor...e a família seja poupada dos horrores da guerra...e quando for possível trabalhar-se cada criatura interiormente...para que a veridiana luz de Deus seja...Jeová, ou tupã ou qualquer nome que se lhe dê...governe os destinos da humanidade..sonho com o dia em que na humanidade a cultura esteja  dentro do lar formando famílias saudáveis...onde as criaturas se respeitem, para respeitar os outros que não compartem das suas idéias...que não convivem com seus pensamentos...e que muitas vezes discordam da sua conduta...mas eu tenho esse sonho... e enquanto eu sonho...eu escuto a doce voz do meu irmão cantando Edelwais...
Quando a família vencer o grande desafio que é a sua reconstrução o desafio mais difícil porque ele depende de cada um dos seus membros...e particularmente dos chefes do clã...quando os parceiros adquirirem mentalidade psicológica...qualidades morais...para poder amar os seus filhos e respeitá-los...quando houver essa maturidade espiritual..para saber que o futuro está nos pés da infância...e a humanidade de amanhã será o que fizermos dessa infância...dignificando-a ou entorpecendo-a... dando valores éticos ou atirando-a nos calabouços da alucinação..quando houver essa mudança dos parceiros não discutirem ninharias...nem colocarem os seus filhos uns contra os outros...então certamente nascerá a verdadeira família...ideal será que esta família esteja vinculada aos códigos do cristianismo, que tem por base essencial o amor à Deus e ao próximo como a si mesmo. Será ideal que a mensagem universal de Jesus que está embutida em todas as doutrinas...pois todas elas preconizam o amor, a solidariedade, a fraternidade...quando então viger...esse sentimento da família unida no lar, para poder aglutinar-se na família global da sociedade...a terra será a grande Canaã das, a humanidade será somente uma família..

Estarão longes esses dias? Estarão próximos esses dias?
Eles dependem de cada um de nós...
Se cada um de nós tomar como dever primacial a sua transformação moral...se cada um de nós compreender que a felicidade consiste em distribuir bênçãos ao invés de procurar recolhê-las em benefício pessoal...Se cada um de nós despertar para a auto-iluminação...e procurar fazer que essa luz que vem de dentro...esparja claridade para fora...para que não exista mais trevas...
então...não será um sonho o daquela austríaca...vitimada pela tragédia
Será uma realidade...



Graças à chegada do consolador...
que veio restabelecer a proposta de Jesus nos corações das criaturas humanas...

é possível acreditar, que logo mais o planeta de provas e expiações...será o lugar harmônico de regeneração...

Não nos deixemos fixar, nas trevas densas desse momento que tomou conta do planeta...

acendamos a luz do amor, e ela se transformará...em estrela de primeira grandeza...

Olvidemos por um momento os desafios que nos agridem...
As dificuldades que nos entorpecem...
As angústias que nos empurram para o abismo da depressão...
e abramos as comportas da irrestrita confiança em Deus...
a barca terrestre, não se encontra à matroca...
Jesus, o conduz com segurança o barco na direção do porto da paz...
Contribuamos com a mínima cota que seja
para que mais rapidamente se instale...esse dia de luz..
pelo qual todos anelamos...
Esqueçamos queixas e recriminações...animosidades e suspeitas...e pensemos em sintonia com o mestre incomparável...
que somente o amor permanece
Em nossas mãos e em nossa fé raciocinada e em nossa conduta...
Estão as diretrizes seguras do melhor que deve ser instalado...nas fronteiras do lar...
paz
iluminação
fraternidade...
e amor...
demo-nos as mãos e cantemos o hino de júbilo...
pela honra da fé que domina nossas vidas...
e nos conduz à Jesus
muita paz
que o senhor de bênçãos nos abençoe e que as lições circundem essa semana
e fiquem marcadas em nossa mente e em nosso coração.

Créditos: Divaldo Pereira Franco
Prece: Bezerra de Menezes.








                                                                                                                   

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O LUTO NOSSO DE CADA DIA

Alguém escreveu num momento que as pessoas que amamos podem ser arrancadas de nós muito rapidamente...essa fala me fez pensar no luto.
O que é o Luto?
De acordo com a psicologia, é o processo de adaptação à perda. Quanto mais for o apego ao objeto ou a pessoa, maior será a dificuldade em lidar com essa perda.
Assisti outro dia uma palestra sobre o assunto e achei muito interessante.
Nós vivemos o luto todos os dias e não sabemos disso...quando nós escolhemos entre ir em um lugar ou ficar, já estamos decidindo vivê-lo...pois de alguma forma estaremos perdendo alguma coisa. Se nós formos vamos perder por não ter ficado, se ficarmos...perdemos por não termos ido...quando escolhemos estamos decidindo que vamos perder, deixar de viver alguma coisa e tudo isso é um processo de luto, e não nos damos conta.Quando nós vivemos o luto pela perda de alguém é natural que sintamos tristeza, melancolia e que isso dure algum tempo e que é compreensível (até 2 anos) após esse período já seria necessário um acompanhamento psicológico (terapia da perda), permitindo a suavização do sofrimento.
As pessoas reagem de formas muito diferentes diante do luto. Cada uma irá se adaptar dentro desse processo de acordo com sua história de vida, sua experiência, valores, crenças e fé, algumas conseguem resignificar suas vidas de forma muito rápida por terem facilidade de compreensão desse processo, outras se demoram um pouco mais e outras caem profundamente em depressão pela não aceitação, pela negação.
O fato é que diante do luto nosso de cada dia, e diante dos lutos pelas separações dolorosas, tanto a psicologia quanto o espiritismo vêem sob o memo olhar:  TER EM MENTE QUE TUDO É TRANSITÓRIO. Quando nós aceitarmos a transitoriedade da vida e dos acontecimentos o luto será um processo muito menos difícil de ser trabalhado. A resignificação será um tanto quanto mais rápida e a ferida irá cicatrizando, mesmo que nao seja em definitivo, pois como dizia Freud  “Não se consegue vencer o luto, talvez porque seja verdadeiramente um amor inconsciente”,  contudo a dor pode ser amenizada.
Eu li certa vez uma história onde dizia que uma mulher foi até Buda com o filho morto nos braços, pedindo-lhe que lhe restituísse a vida, ele disse a ela que poderia fazê-lo, desde que ela trouxesse alguns grãos de mostarda, porém esses grãos deveriam vir da casa onde nunca houvesse tido alguma morte, do mordomo, do pai, da mãe, do filho, da empregada, enfim...onde nunca ninguém tivesse morrido...Ela então parte na busca desses grãos, quando pergunta todos dizem que tinham os grãos de mostarda só que ali havia morrido o pai, em outra morrido a mãe...e assim ela foi em diversas casas, voltando diz à Buda que encontrou os grãos mas que não havia encontrado nenhum lar que estivesse livre de ter perdido alguém...fica a reflexão.
Quando Bartolomeu interroga á Cristo se é lícito chorarmos pela perda de um ente querido: - Jesus bondosamente e compreendendo a dor da alma daquele homem responde: Bartolomeu, quem estará perdido se Deus é o pai de todos nós, se tudo volta para ele. Se àqueles que vivem no lodo da miséria e haverão um dia de vislumbrar a aurora da redenção, o que não está reservado aos filhos fiéis? 
Tudo é do Pai e tudo volta para ele, ninguém está perdido, nem perde ninguém.
Jesus havia dito que a felicidade não é desse mundo, e sabedor das necessidades humanas também disse: Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, e eu vos aliviarei, ele não escolheu quem deveria vir à ele (rico, pobre, magro, gordo, feio/bonito, alto, baixo, coxo, manco, aleijado, cego, marcado, amputado, surdo, negro, branco) disse todos! E é NELE que encontramos o refrigério para nosso sofrimento, curativo para as úlceras abertas no nosso coração fragilizado e humano.
Eu sou o caminho, a verdade e a vida...
Talvez tenha sido isso que Tagore quis dizer quando escreveu:
“Procurei-te desarvorado e triste pelas terras distantes.. em loucas aventuras com os outros, sem conseguir encontrar-te. Aonde chegava a minha ansiedade... deparava-me com as marcas de teus pés no chão. Penetrei-me pelas lâminas da angústia... dilacerando todas as minhas ambições, em vãs tentativas de te encontrar. Exauri-me... sem resultado feliz... e detive-me vencido. Defrontei-me um dia... duas estrelas que se apagavam nos olhos de uma criança abandonada... e amei-a. A sua voz sem palavras    e a música de sua necessidade... fizeram-me encontrar os três: o próximo, a mim e a ti, ó Soberano Senhor da minha vida. Não cesses de cantar... ó brisa ligeira que passeias pelo vale... nem interrompas o teu curso... ó água transparente do regato. Toda musicalidade que embala a natureza ...faz-se partitura para que o cantor destrave a sua voz de sua garganta e inunde o mundo de harmonias”.
Quando a nossa dor encontra a dor do outro, não há luto, não há depressão, não existe infelicidade e sim NÓS.