terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ouvir Estrelas!



..Ora direis, ouvir estrelas!
Certo perdeste o senso,
 E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas   (Olavo Bilac)

Somente um homem que tem uma visão holística e uma inspiração espiritual para propor algo assim...um homem que conversa com as estrelas!
Ele já sabe que tudo no universo se encadeia e se entrelaça.
A exemplo do índio norte americano Seatle que disse certa vez: "Tudo que acontece com a terra, acontece com os filhos da terra. O homem pensa ser a teia, mas é apenas um dos fios da grande teia", ele já sabe que existe em tudo uma solidariedade, que precisamos uns dos outros para viver. Para vestirmos uma camiseta, alguém plantou o algodão, outro colheu, outro transportou, industrializou, vendeu...a fim que que ela estivesse cobrindo o corpo. Não existe vida sem solidariedade. Há entre os mundos isso, entre as pessoas, os animais.
Enfim, nós precisamos uns dos outros para viver... e o que é mais importante que tenhamos essa percepção, pois assim procuraremos não viver que é fácil, mas conviver que é o mais difícil e nos faz crescer e buscar a plenitude.
 Quando um homem cai, o universo inteiro sente, e cai junto com esse homem.
Pensemos nisso, do que adianta tanta correria por tão pouco, se de uma hora pra outra aparece uma célula cancerígena e tudo se vai em um instante...
Quando Jesus ensinou-nos a orar ele disse: "O pão nosso de cada dia nos dai hoje"...ele disse o pão nosso de cada dia, não disse o de sexta feira que vem, de sábado...
A cada dia basta o seu trabalho...viver o hoje...o dia conforme Deus nos apresenta.
Que hora que é agora???
AGORA
Em que estamos colocando nossas energias? O que estamos doando de nós mesmos? De que forma estamos utilizando os talentos? Com qual finalidade?
Qual é o nosso sentido existencial??? O que é que estou fazendo aqui? Qual o meu papel?
Respondendo esses questionamentos, poderemos encontrar nossa direção, o nosso foco e o farol norteador dos nossos passos.
"Onde está o vosso tesouro, aí também estará o vosso coração"
E onde está o vosso coração????

"Não há como tocar numa flor sem mexer com as estrelas"

Isso eu aprendi com uma grande mulher

Estive no pronto socorro do hospital na minha cidade com meu filho de 13 anos que teve uma alergia e fomos às pressas. Já em observação, tranquilizei-me e fiquei ali com ele aguardando a melhora total.
Uma senhora que estava do lado de um leito no canto do quarto onde haviam 4 pessoas internadas, vendo-me conversar com meu filho virou-se e olhou-me com um sorriso tímido e um tanto quanto triste. Levantei-me e fui até os pés da cama onde estava o filho dela. Ficamos olhando pra ele enquanto eu reflexionava na minha própria vida.
Meu filho de 8 anos Otávio, é daqueles meninos que colocam fogo na casa. Muito arteiro, às vezes teimoso e bastante inquieto. Não se cala nunca e faz perguntas o tempo todo. Consegue com seu jeito travesso às vezes nos desequilibrar. Confesso que pensei em entregá-lo ao pai, mas estava relutante.
Eu a e mulher começamos a conversar. O filho deficiente, requeria a todo instante que ela levantasse a cabeça e enxugasse sua boca com uma fralda pra não engasgar, e percebi que ela fazia isso a cada 5 minutos, além também de olhar as fraldas.
Perguntei-lhe: Quantos anos ele tem?
- 26 anos . Ela respondeu.
Fiquei envergonhada.
Eu disse-lhe puxa há vinte e seis anos então que você está nessa luta?
E ela disse já em lágrimas, sim já fazem 26 anos...e eu o amo tanto!
Falei nossa, eu quero dizer que te admiro muito, você é uma mulher muito forte, pois vi que precisa estar o tempo todo ao lado dele, então são tantos anos de renúncia.
Ela então contou-me que o mais difícil é o preconceito que começa na própria família, que às vezes chegam na porta olham de longe e se vão. Contou que nunca teve o gosto de levá-lo à escola, ir numa reunião de pais, ir ao parque e vê-lo brincar nos brinquedos. E em lágrimas disse-me que fez uma vez uma festinha de aniversário, pois sentia tanto seu filho nunca ter tido uma, mas que nunca faria ...pois todas as crianças riam e zombavam dele, porque não parava sentado, tinha o corpo todo mole...e essas coisas mais que as crianças reparam.
Perguntei como ela sabia quando ele adoecia...ela respondeu: Ele fica gemendo.
O menino, nunca falou. Então ela nunca pode ouvir "mãe"! Minhas bochechas ficaram vermelhas e meu rosto queimou, pois uma semana antes eu estava zangada porque meu filho chama "mãe, mãe, mãe a cada sei lá meia hora...depois disso virou música nos meus ouvidos.
Falei pra ela que naquele dia ela tinha me ensinado uma grande lição, porque às vezes a gente não tem problema e procura pra dizer que tem, reclama em demasia por coisas que são tão simples .
Choramos eu e ela olhando uma nos olhos da outra. O meu olhar era de agradecimento por ela e o filho serem um instrumento da providência divina me mandando o recado: Silencia. Agradece à Deus. Silencia tuas  queixas que são tão pequenas diante das dessa grande mulher.