quarta-feira, 16 de junho de 2010

Saudade é amor que fica...



Hoje, dia 16 de junho de 2010 após o almoço saí na rua levar o meu cachorro pra caminhar e um senhor estava juntando os galhos das árvores da casa que moro que foram cortadas para levar em cima da sua carroça...
Caminhei reflexionando na saudade que estava sentindo dos meus filhos que estão em Mato Grosso na casa de minha mãe desde há um mês...
Quando me aproximei, vendo-o ali trabalhando, cabeça branca da neve dos dias ...magro...bastante sujo do trabalho, lembrei do meu avô Avelino que já partiu há alguns anos para pátria espiritual, também naquele momento uma saudade invadiu meu coração, e perguntei-lhe: desculpe mas quantos anos o sr tem?
ele parou o que estava fazendo, jogou em cima da carroça o pedaço de galho, olhou-me e com os olhos marejados de lágrimas e com a garganta que era um nó só respondeu-me:
Filha, amanhã completo 70 anos...mas não é o peso da idade que conta, sabe tenho 4 filhos e 11 netos. Fazem nove anos que não vejo meu filho mais velho, está nos Estados Unidos, 5 anos que não vejo minha filha está em Portugal, o outro filho está na Argentina e a mais nova mora em Londrina e há tempo também não vejo... Tenho tantas saudades...
Minha filha me pergunta: pai porque o senhor tem de ficar trabalhando tanto? Colocou o apelido em mim de sujinho, "o velho sujinho"...eu ajudo o senhor não precisa trabalhar tanto, já está aposentado.
Ele voltou a recolher os galhos olhou-me e disse: sabe porque eu trabalho assim ainda minha filha? Porque assim não dá tempo de pensar na saudade, eu me distraio e mais um dia passa!
Choramos os dois,
eu de um lado
ele do outro
e acrescentou, os filhos esquecem dos pais, mas um pai jamais se esquece dos filhos eles são tudo pra mim.
Acho que tudo que ele precisava nesse dia era desabafar pra diminuir um pouco a dor.
Agora escrevendo aqui esse instante, lembrei-me de Madre Tereza, quando um homem aproximou-se dela e disse enchendo-lhe as mãos: tome estas moedas, para que alguém venha à minha casa pra conversar, nossos filhos nos abandonaram, minha mulher perdeu o sentido da razão, estou morrendo de solidão. Aquele homem só precisava escutar o grave acento da voz humana. Às vezes tudo que alguém precisa é ser escutado.
Então eu, que estava com meu coração apertadinho por um mês de saudades, fiquei confortada diante daquele ancião com tantos anos longe dos filhos.
O amor é incondicional
Saudade é amor que fica...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dias de solidão...dias de solitude


Dias de solidão

Tem dias em que a gente se sente como quem partiu ou morreu. Quando o poeta da música popular escreveu esses versos, explicitava na canção o sentimento que muitas vezes se apodera de nossa alma.

São aqueles dias onde a alma se perde na própria solidão, encontrando o eco do vazio que ressoa intenso em sua intimidade.

São esses dias em que a alma parece querer fazer um recesso das coisas da vida, das preocupações, responsabilidades e compromissos, para simplesmente ficar vazia.

Não há quem não tenha esses dias de escuridão dentro de si. Fruto algumas vezes de experiências emocionais frustrantes, onde a amargura e o dissabor nos relacionamentos substituem as alegrias de bem-aventuranças anteriores.

Outras vezes são os problemas econômicos ou as circunstâncias sociais que nos provocam dissabores e colocam sombras na alma.

A incompreensão no seio familiar, a inveja no círculo de amizades, a competição e rivalidade desmedida entre companheiros de trabalho provocam distonias de grande porte em algumas pessoas.

Nada mais natural esses dissabores. Jesus, sabiamente, nos advertiu dizendo que no mundo só encontraríamos aflições.

Tendo em vista a condição moral de nosso planeta, as aflições e dificuldades são questões naturais e, ainda necessárias para a experiência evolutiva de cada um de nós.

Dessa forma, é ilusório imaginarmos que estaríamos isentos desses embates ou acreditarmo-nos inatacáveis pela perversidade, despeito ou inferioridade alheia.

Assim, nesses momentos faz-se necessário enfrentar a realidade, sem deixar-se levar pelo desânimo ou infelicidade.

Se são dias difíceis os que estejamos passando, que sejam retos nosso proceder e nossas ações. Permanecer fiel aos compromissos e aos valores nobres é nosso dever perante a vida.

Os embates que surjam não devem ser justificativas para o desânimo, a queixa e o abandono da correta conduta ou ainda, o atalho para dias de depressão e infelicidade.

Aquele que não consegue vencer a noite escura da alma, dificilmente conseguirá saudar a madrugada de luz que chega após a sombra, que parece momentaneamente vencedora.

Somente ao insistirmos, ao enfrentarmos, ao nos propormos a bem agir frente a esses momentos, teremos as recompensas conferidas àquele que se propõe enfrentar-se para crescer.

* * *

Se os dias que lhe surgem são desafiadores, lembre-se de que mesmo Jesus enfrentou a noite escura da alma, em alguns momentos, porém, sempre em perfeita identificação com Deus, a fim de espalhar a claridade sublime do Seu amor entre aqueles que não O entendiam.




A solidão é uma visita indesejável. Ela entra sem pedir licença e incomoda sobremaneira. Quando, então, a solidão deixa de ser visita e se torna uma companhia constante, o coração parece chorar o sofrimento mais difícil de se suportar: aquele que se sofre sozinho.

Quando decidimos ficar sozinhos para meditar, por exemplo, a solidão muda de nome. Ela deixa de ser visita que incômoda, porque é nossa decisão visitá-la... Quando, voluntariamente, decidimos visitar a solidão, ela se transforma em solitude. Solitude é estar só, mas não solitário. É estar só, mas com plena capacidade de estar em comunhão consigo mesmo e com Deus.

Quem não consegue estar em solitude possivelmente sofrerá o terrível mal da solidão. E a pior tragédia que acomete aos solitários é o sentimento de vazio interior. Quando estamos vazios de sentido, quando perdemos o norte, a direção, então a solidão invade totalmente nosso ser e, por isso, entramos na crise da existência. A dor que lateja no coração solitário é a dor de estar desacompanhado de si mesmo. É não-estar-em-si. É sentir-se perdido dentro de si mesmo. É tentar encontrar-se, contudo só encontrar a famigerada solidão ocupando cada um dos quartos da grande casa que se chama corpo humano. Aliás, grande casa, porque dentro do nosso corpo cabe o universo inteiro... e quando somos absorvidos pelo exterior e nos perdermos de nós mesmos, sentimo-nos solitários, vazios e questionamos se a vida vale a pena ser vivida assim.

Solidão existencial é a crise do ser humano diante de si mesmo. É a nossa incapacidade de lidar com aquilo que nos é peculiar. Caímos enfermos quando somos acometidos de solidão justamente porque a solidão é a presença da ausência, e sentir-se ausente de si mesmo leva o ser humano a crises cujas conseqüências são desastrosas.

A solidão pode acometer-nos quando somos tolhidos da presença daquilo que mais amamos. Quando perdemos a presença daquilo a que damos o nome de "sentido da nossa vida", então a solidão invade e nos domina. Se damos a algo o nome de "sentido da nossa vida" então quando perdermos este algo seremos possivelmente dominados pela solidão. É que aquilo que preenche esta grande casa chamada corpo é o nome que damos às coisas e às pessoas, e não as coisas e as pessoas em si. Por isso, quando perdemos as coisas e as pessoas, ou sentimos a ausência das coisas e das pessoas que amamos, então o nome perde o sentido por não encontrar o referencial do que é significado. O significante sem o significado torna-se, portanto, vazio. É aí que entra a solidão! É que a solidão é visita que só se faz companhia quando encontra uma casa vazia.

A solidão, por isso, tem um aspecto extremamente positivo. Mostra-nos o desajuste no qual nos encontramos por não ter a presença daquilo ao que damos o nome de essencial. Resolver o problema da solidão, portanto, sugere ou que tenhamos aquilo que desejamos, ou que mudemos os nomes que previamente já programamos dentro de nós como essencial para nós. O segundo passo, claro, é bem mais complexo, contudo pode ser o melhor caminho se o primeiro for inviável, haja vista que geralmente os solitários crônicos não sabem o real motivo da sua solidão. Dizem: "sinto-me sozinho, mas não sei o porquê". Ora, se não se sabe "o porquê", talvez seja por ele não existir mesmo. Alguns teóricos denominam isso de "solidão essencial".
A cura para solidão essencial é dar sentido à existência.

diam.
bibliografia: inconscientecoletivo.net
Momento Espírita
revista digital